Atualmente o Ubuntu virou sinônimo de Linux para máquinas caseiras, mas nem sempre foi assim. Há dez anos, várias distribuições do sistema operacional aberto lutavam pela preferência dos usuários. Em matéria publicada na edição 195, em junho de 2002, a INFO fez um raio-x completo desse cenário, que vamos relembrar neste post.
A matéria citou os pontos fracos e fortes das distros. Conectiva, SuSE, Red Hat, Slackware, Debian, Mandrake e Caldera. Hoje em dia, algumas delas nem existem mais, outras foram vendidas para grandes corporações e outras continuam na batalha independente. Viaje no tempo agora e confira como foi a apresentação de cada uma delas dez anos atrás:
Conectiva Linux 8 (Conectiva)
Dona da única distribuição do Linux produzida no Brasil, a Conectiva tem a maior quantidade de programas e documentação em português. Como essa característica, por si só, não é suficiente, a Conectiva tratou de dotar sua distribuição de outros atrativos. Um deles é o programa de instalação, capaz de tornar bem menos árduo o trabalho para aqueles que se atrapalham com as linhas de comando. Um utilitário importante nesse sentido é o apt-get, dedicado à verificação e atualização automática dos pacotes RPM (um padrão para instalação de programas criado pela Red Hat) usados para instalação de softwares.
Outra característica da Conectiva é manter as rotinas de configuração centralizadas e em modo gráfico. Assim, em muitas situações, não é necessário ficar editando manualmente os arquivos de configuração do sistema. A distribuição também apresenta uma lista de drivers de dispositivos genéricos, para o caso de o controlador específico não ser reconhecido pelo sistema. A distribuição da Conectiva foi inicialmente baseada na Red Hat, mas já adquiriu características próprias. Uma crítica que se faz a ela, assim como a outras distribuições que privilegiam a facilidade de uso, é que sua rotina de instalação atende melhor às necessidades de uma versão desktop do que às de um servidor. Profissionais com conhecimentos avançados de Linux muitas vezes preferem trabalhar com uma distribuição menos amigável, porém mais flexível, como Debian ou Slackware.
Red Hat Linux 7.3 (Red Hat)
Primeira empresa a distribuir o Linux mundialmente, a Red Hat, com sede nos Estados Unidos, continua sendo a distribuição mais popular no mundo. Tem características que permitem fácil instalação e configuração, tarefas feitas com o auxílio de menus. A Red Hat apresenta amplo suporte a dispositivos de hardware. Traz as últimas versões das interfaces gráficas Gnome e KDE, com o gerenciador de arquivos e navegador Nautilus. Também tem o sistema de arquivos Ext3, com recursos de tolerância a falhas.
Essa distribuição é homologada pela Oracle, o que a torna popular no mundo corporativo. Para os desenvolvedores de programas que não pertencem originalmente ao mundo Linux, é também a principal referência. Outro destaque do Red Hat Linux é a facilidade de configuração por meio de menus, muito louvável para uso em estações.
Mandrake 8.2 (Mandrake)
Criado em 1998 na França, o Mandrake é uma distribuição do Linux fácil de usar tanto para PCs como para servidores. Seus três CDs trazem 2,3 mil aplicativos. Um dos seus destaques é o Mandrake Control Center, um painel de controle que centraliza muitas operações de configuração. O gerenciamento da segurança é facilitado pela existência de vários níveis de acesso pré-configurados. O usuário ou administrador pode facilmente fazer um ajuste simplificado de segurança escolhendo o nível desejado.
SuSE Linux 8 (SuSE)
Quem optar pelo SuSE Linux irá encontrar soluções de intranet e internet, além de ferramentas para servidores da web, servidores proxy, aplicativos de correio e notícias do Linux. O sistema também pode ser usado como servidor de arquivos e de impressão, e para aplicações de bancos de dados complexos. Com o suporte a dispositivos não formatados e endereçamento de memória de 4 GB, é muito eficiente nas aplicações de bancos de dados.
O SuSE integra a instalação dos aplicativos à do sistema. O utilitário de administração Yast, agora em versão gráfica, assume desde as tarefas mais simples, como a criação de usuários, até as configurações de rede. Para completar, o SuSE traz a ferramenta Alice (Automatic Linux Installer and Configuration Environment), que permite o gerenciamento da configuração dos micros de uma rede.
Um tipo de usuário, em especial, tem motivos de sobra para conferir o SuSE Linux: o que trabalha com gravação e edição profissional de som. O SuSE configura até oito placas de som simultaneamente e suporta o padrão Midi para conexão de instrumentos musicais. O software é fácil de instalar, configurar e utilizar. É uma boa opção para usuários com poucos conhecimentos de Linux.
Debian 2.2 (Debian.org)
A Debian é a distribuição do Linux preferida por usuários avançados, programadores e militantes do software livre. Ela não é a mais fácil de instalar, mas é muito flexível e contém apenas software livre. É considerada, também, a distribuição que mais atenção dá à segurança. Suas configurações padronizadas procuram evitar que o administrador, inadvertidamente, deixe pontos do servidor vulneráveis a invasões. O Debian exige, por exemplo, que o administrador configure manualmente a abertura das portas 23 e 110, enquanto algumas outras distribuições deixam essas portas abertas por padrão, expondo o servidor a riscos desnecessários. O preço dessa cautela e do total controle sobre a instalação é a obrigatoriedade de trabalhar com ferramentas complexas, voltadas para especialistas. Não é uma distribuição para iniciantes.
Slackware 8 (Slackware)
A Slackware é, ao lado da Debian, uma das distribuições mais ortodoxas do Linux. Lançada em 1993, ela é também uma das mais antigas. O líder do projeto, Patrick Volkerding, diz que ela tenta equilibrar facilidade de uso com simplicidade e flexibilidade. Inclui os aplicativos mais populares, mas mantém um sabor tradicional. Na prática, é uma distribuição para especialistas. Ela não tem instalador gráfico e não é fácil colocá-la em funcionamento. Nas mãos de quem conhece o Linux a fundo, a Slackware permite uma ampla variedade de configurações personalizadas. É uma distribuição muito adequada para quem quer rodar o Linux em máquinas antigas, já que ela é pouco exigente quanto à configuração de hardware.
OpenLinux 3.1 (Caldera)
O Caldera OpenLinux vem ganhando espaço nos últimos anos por apresentar uma distribuição enxuta e 100% profissional, voltada para o uso em empresas. Ele é fornecido em três versões: OpenLinux64, OpenLinux Server e OpenLinux Workstation. A instalação é feita a partir do instalador gráfico Lizard. O instalador prepara e configura o programa com o mínimo de intervenção do usuário. São apenas dois modos de instalação: Standart e Expert. No Standart, o Lizard fará uma configuração de um servidor com todos os serviços necessários como servidor de arquivos, de impressão, de FTP, servidor web e de correio eletrônico. O modo de instalação Expert deve ser usado para configurar funções específicas do servidor. Ela permite a escolha dos serviços a ser instalados poupando assim tempo de configuração pós-instalação. O instalador deixa disponível ao usuário um jogo de paciência para se divertir enquanto o programa trabalha.
O Caldera OpenLinux vem acompanhado do WebMin. Ele é um gerenciador de sistema com acesso pela intranet. Permite organizar e configurar todos os programas do servidor. Com ele, você pode ajustar as características do sistema, criar e gerenciar os usuários e organizar os discos. Além disso, pode ajustar as configurações do servidor de web Apache, do Samba (programa que facilita o acesso dos clientes Windows ao servidor Linux) e do servidor de FTP, tudo em uma mesma interface.
ps. Meu primeiro Linux foi um Red Hat, que eu não consegui instalar direito. Depois passei pelo Mandrake e Debian até me apaixonar pelo Slack. Hoje em dia, tenho uma máquina com Ubuntu que uso só às vezes. E você? Qual foi o seu primeiro Linux?
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